Descrição -Leça | ||||
Morfologia
A
bacia hidrográfica do rio Leça, com cerca de 50 km de comprimento está
orientada na direcção Este - Oeste e é limitada a Norte pela bacia do
rio Ave e a Sul e Este pela bacia do rio Douro. O rio nasce no Monte de Stª.
Luzia, a cerca de 420 metros de altitude e desagua em Leixões,
a norte da cidade do Porto. Os seus principais tributários a Ribeira do
Arquinho (bacia de 33 km2) e a Ribeira de Leandro (bacia de 20
km2). O estuário do Leça (Figura
1
) é de pequenas dimensões e está muito artificializado, sendo
ocupado na sua quase totalidade pelo porto de Leixões, o maior da região
norte de Portugal. O
escoamento anual total na foz do rio Leça é, em média, de 107 hm3,
a que corresponde um caudal médio de 3.4 m3/s. O afluente que
mais contribui para o caudal na foz é a ribeira do Arquinho contribui
para o escoamento médio com 13.3 hm3 (INAG, 2001) A
Figura
2
apresenta uma perspectiva tridimensional da bacia do rio
Leça e a Figura
3
, mostra o perfil longitudinal do rio (DRA–Norte, 2000). As figuras mostram baixos declives nos primeiros 42 km
de percurso (a partir da foz). Os últimos 6 km do percurso do rio
efectuam-se em zonas de relevo acidentado - Serra da Agrela – variando
as cotas, desde os 120 metros até aos 420 metros de altitude.
Figura
2: Perspectiva tridimensional da bacia do rio Leça
(DRA–Norte, 2000).
Figura
3:
Perfil longitudinal do rio Leça (DRA–Norte, 2000). O escoamento no estuário do Leça é
determinado pela maré e pelo caudal do rio, podendo a corrente do rio Leça
fazer-se sentir até ao anteporto em situações de chuva intensa. A maré é essencialmente do tipo
semi-diurno, sendo as componentes mais importantes a M2, S2,
e a N2. Na zona exterior ao porto, a corrente dominante é
paralela à costa, predominantemente de Norte para Sul com velocidades
inferiores a 1 nó (50 cm/s). Devido à sua pequena dimensão e importância
económica e ecológica, este estuário está muito pouco estudado, com
excepção dos aspectos relevantes para as actividades do porto de Leixões.
Modelação
Matemática
A
hidrodinâmica do estuário foi simulada utilizando o modelo MOHID2000
para a região compreendida entre a batimétrica dos 25 metros, na
plataforma continental e o limite de propagação da maré situado 3.5 km
a montante do porto de Leixões. O passo espacial do modelo é variável
tendo um mínimo de 20 m na zona do estuário e 250m na fronteira oceânica. As
simulações foram feitas para condições médias de maré e de caudal do
rio. Na fronteira oceânica foi imposta a variação da superfície livre
devida à componente M2 da maré e na fronteira fluvial onde
foi imposto o caudal médio do rio Leça, 3.4 m3/s. Resultados
das simulações
Com o modelo foram simuladas a hidrodinâmica
e a distribuição de salinidades. O movimento da água foi visualizado
usando traçadores lagrangeanos emitidos em caixas, numa situação de
preia-mar. Os resultados são apresentados na forma de séries temporais,
nos pontos representados na Figura
4
e de distribuições espaciais no baixo estuário ( o relevante
para definição do limite de jusante.
Hidrodinâmica
Na
Figura
5
representam-se as elevações nos pontos 1 e 6 indicados
na Figura
4
. No ponto 1 observa-se o carácter semi-diurno da maré com uma
amplitude de cerca de 1,65 m e uma variação do tipo sinusoidal. O ponto
6 só é inundado pela maré durante o período de níveis mais altos.
Durante esse período o nível varia também de forma sinusoidal. Quando o
nível da maré baixa abaixo dos 2.5 metros o nível torna-se constante,
sendo o seu valor imposto pelo caudal do rio. Em ambos os casos as velocidades instantâneas
são reduzidas (inferiores a 5 cm/s). Os valores baixos das velocidades são
consequência do valor reduzido da área do estuário e do caudal do rio.
A velocidade máxima regista-se à saída do porto onde a área da secção
transversal é mínima. As figuras mostram que o escoamento se faz
preferencialmente pelo canal mais profundo e põe em evidência o papel do
molhe que protege o porto da acção das ondas provenientes de NW.
O escoamento residual representa o
deslocamento preferencial da água e resulta dos efeitos não lineares
associados ao escoamento instantâneo e do caudal do rio. Assim e o
escoamento residual está associado ao efeito da aceleração do
escoamento na entrada do porto. Deste efeito resultam os vórtices
existentes quer no interior do porto quer no exterior da entrada do porto.
A inclinação do jacto de vazante induz um escoamento residual dirigido
de norte para sul em frente à embocadura. O valor reduzido do caudal do
rio e o vórtice existente no interior do porto são responsáveis pelo
elevado tempo de residência da água no interior do estuário. Salinidade
A
salinidade foi simulada para condições de caudal média (3.4 m3/s).
As
figuras mostram que a bacia do porto de Leixões e o canal do rio tem
condições de salinidade muito diferentes. Este resultado é também
mostrado na Figura
7
onde são representadas séries temporais de salinidade
nos pontos indicados na Figura
4
. O baixo gradiente de salinidade na bacia do porto é uma
consequência do vórtice residual existente naquela região, que promove
a recirculação da água proveniente do rio e a sua diluição na água
do mar que entra durante a enchente.
O ponto 1 representado na Figura
7
, apesar de se encontrar na zona de maior influência oceânica
mostra o efeito do elevado tempo de residência na salinidade. À medida
que nos deslocamos para montante a salinidade diminui. A figura mostra
também a grande diferença de salinidades entre os pontos localizados na
bacia do porto e os localizados no canal de entrada do rio. Traçadores Lagrangeanos
Os traçadores lagrangeanos são usados
para visualizar o movimento da água. Depois de emitidos estes traçadores
deslocam-se à velocidade da água, calculada pelo modelo hidrodinâmico,
permitindo identificar o seu deslocamento e mistura. Os traçadores foram
emitidos em preia-mar, agrupados em caixas. O seu movimento permite
visualizar o escoamento e compreender a dinâmica do sistema. As velocidades baixas já observadas nos
resultados da hidrodinâmica fazem com que o deslocamento dos traçadores
seja também pouco intenso. Continuando a simulação por mais tempo
verificou-se que só ao fim de 3 dias de simulação é
que os traçadores começam a sair da bacia do porto. A continuação da
simulação mostra que os traçadores que atravessam a embocadura do porto
deixam o estuário quando contornam o molhe que protege o canal de acesso
ao porto.
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