Apresentação do Projecto |
Neste
documento são descritos os limites de jusante dos estuários
Portugueses e a metodologia utilizada na sua definição, baseada no
conhecimento dos processos de transporte obtidos por modelação matemática.
A modelação matemática constitui a forma mais eficiente de tomar decisões
sobre sistemas cuja caracterização exaustiva não é possível por
insuficiência de dados de campo. Esta
metodologia foi validada no estuário do Tejo, para o qual estão
disponíveis dados de campo suficientes para validar os critérios de
delimitação usados neste trabalho. A metodologia, os critérios e os
resultados da aplicação no estuário do Tejo foram objecto de um
documento específico, integrado na documentação que suporta o pedido de
derrogação do tratamento secundário do sistema de saneamento da Costa
do Estoril. Por uma questão de uniformização e de facilidade de
consulta da demonstração da metodologia utilizada, foi decidido incluir
o caso do estuário do Tejo também neste documento. Em
termos de circulação hidrodinâmica podemos considerar cinco zonas na
embocadura do estuário: (i) Zonas que não são não são afectadas, nem
afectam o estuário, (ii) zonas afectadas pelo estuário, mas que não o
afectam (ROFI), (iii) zonas que são afectadas pelo estuário e que o
podem influenciar durante a enchente, (iv) zonas que afectam o estuário
em enchente, mas que não são afectadas pelo estuário e (v) zonas que
estão claramente no interior do estuário. A distribuição de velocidades
residuais na embocadura constitui uma das principais ferramentas para
a identificação daquelas zonas. Tendo
como objectivo a protecção do estuário, o seu limite deve incluir a
zona (iii). A zona (iv) deve ser vista com precaução, pois a sua
eventual contaminação teria consequências directas sobre o estuário.
No caso dos estuários Portugueses essas zonas são normalmente balneares
e por isso estão sujeitas a critérios de gestão mais restritivos que os
aplicados no interior destes. Por outro lado, por uma questão de consistência
com outros critérios (qualquer critério que não seja baseado na circulação
coloca-as fora do estuário) e porque daí não advêm consequência
nefastas para o estuário, por serem zonas balneares, foi decidido
considerá-las zonas exteriores. Para
cada estuário é descrita a sua morfologia, a circulação transiente
e a circulação residual. O escoamento é ainda visualizado usando
traçadores lagrangeanos. A partir destes é identificado o movimento das
massas de água e o seu tempo de residência no interior do estuário. A
análise conjunta dos estuários mostra que os do Tejo, do Sado e do Vouga
são os mais complexos e com maiores tempos de residência. Nos outros
estuários a relação largura/comprimento é muito menor e os tempos de
residência são normalmente baixos (da ordem dos dias). Todos
os estuários apresentam jactos de vazante bem identificados. No entanto só
no caso do Tejo e do Sado é que a probabilidade de água desses jactos
voltar a entrar no estuário é grande. No caso destes estuários os
jactos de vazante saem para pequenas baías, ficando fora da acção
directa da corrente da plataforma. No caso dos estuários com embocaduras
mais estreitas e descarregando directamente na plataforma costeira a
probabilidade de a água de afastar da embocadura o suficiente para não
voltar a entrar é grande. Os estuários do Lima e do Guadiana são estuários
de transição entre aqueles dois tipos. Para
o estuário do rio Ave não estão disponíveis dados suficientes para
implementar o modelo (não foi possível encontrar dados de batimetria).
No entanto, a configuração da embocadura e o tipo de rio, permitem
definir o limite por extrapolação dos outros estuários estudados. |